segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Estratégias de Desenvolvimento Local e Regional: Clusters, Política de Localização e Competitividade Sistêmica.

Jorg Meyer-Stamer debate o paradoxo existente entre o desenvolvimento regional e a globalização, discutindo se ainda é possível haver ação estatal em tempos de globalização, isto porque em algumas regiões, a perda de postos de trabalho gerou a necessidade de uma certa intervenção, porém, em alguns países, a opção pelo “Estado mínimo” tem estimulado o surgimento de uma política de natureza descentralizadora.

Com o intuito de debater as estratégias de desenvolvimento, Meyer-Stamer discute o papel do cluster na obtenção de um maior desenvolvimento regional, afirmando que “um cluster oferece grande potencial para a criação de vantagens competitivas” e com a ajuda governamental, pode ser criada nestes clusters “uma escola técnica, um laboratório de testes de material e certificação, uma agência de informações sobre comercio exterior”, etc., o que nos leva a crer que a presença do Estado é fundamental para o desenvolvimento regional, no entanto, o autor afirma que esta presença no estágio inicial de desenvolvimento consegue criar um processo de integração entre as empresas de uma determinada região, gerando a acumulação de capital social, mas com o tempo, se tornará menos necessária.

O que são clusters?


Com o intuito de colaborarem entre si e a necessidade de conseguirem uma maior flexibilidade e eficiência, diversos setores, industriais ou não, se concentram em uma determinada região, a qual possui características semelhantes, principalmente no que envolve a elaboração, desenvolvimento e produção de uma determinada mercadoria, com o intuito de obter uma maior vantagem de produção.

No âmbito da União Europeia, podemos observar um possível desenvolvimento regional através da promoção de clusters, isto é, determinadas regiões elaboradoras de determinada mercadoria ou produto, se desenvolve estruturalmente através de políticas específicas para obterem melhores resultados e menores custos em sua produção, transformando-se, assim, em regiões especializadas na pesquisa, desenvolvimento e produção de uma única mercadoria, ou similares.

Os clusters fordistas e os transnacionais.

Podemos observar que ao propor as estratégias de promoção de clusters, a União Europeia os distingue como clusters fordistas e transnacionais, ditando certas especificidades para cada um deles.

No caso dos clusters fordistas, são propostas as seguintes soluções políticas ou estratégias de ativação:

- cursos de formação em todos os níveis;
- concentração na competência-chave;
- processos de aprendizagem inter-empresas;
- criação de instituições de ensino e pesquisa;
- criação de instituições de pesquisa de mercado, design e informações para exportação.

Já no que diz respeito aos clusters transnacionais é proposto as seguintes soluções políticas:

- pouco espaço às empresas locais, tendo em vista a estrutura baseada em fornecedores de sistemas globais;
- medidas de promoção de pequenas e médias empresas combinadas com atividades que visem iniciar processos de aprendizagem entre fornecedores transnacionais e empresas locais.

Quem lucra com a promoção de clusters?

Esta é uma estratégia na qual todo o setor produtivo europeu tende a lucrar, pois tanto as áreas rurais, quanto as regiões onde o setor industrial predomina podem ser positivamente desenvolvidos através destas políticas.

Não podemos nos esquecer que a promoção de clusters não ocorre somente na Europa, mas em diversas regiões ao redor do globo. O que podemos observar no caso europeu é uma maior participação institucional, que procura conhecer e estudar o caso de diferentes regiões europeias, o que muitas vezes não ocorre fora da Europa.

O vídeo abaixo ilustra a política portuguesa e o incentivo à promoção de clusters:



Ainda no que diz respeito às estratégias de desenvolvimento, o autor pontua algumas das políticas de localização necessárias para um melhor apoio às indústrias e pequenas e médias empresas. Tais políticas são baseadas na posição geográfica em relação aos mercados de compra e venda, ligação de redes de transportes, oferta de mão-de-obra, custos com energia e meio ambiente, encargos municipais e vantagens financeiras oferecidas pela cidade ou estado.

Por último o autor ressalta que no que tange a competitividade sistêmica, “o desenvolvimento industrial bem sucedido não se cria apenas com fatores do nível micro de empresas e do nível macro das condições macroeconômicas em geral, mas também com medidas específicas de governos e ONGs para fortalecer a competitividade”. Sendo assim, os principais fatores da competitividade sistêmica são: a taxa de câmbio, a oferta de créditos, a taxa de juros, as políticas tributárias e tarifárias, e os fatores infra-estruturais, sociais e regulatórios.

Alexandre Ap. de Souza Oliveira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário