segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Andrew Copus e o marco teórico dos novos fatores para o desenvolvimento

Segundo Andrew K. Copus, algo fundamental para o desenvolvimento territorial de um país ou região seria a sua localização. Contudo, hoje em dia a chamada "perificidade não espacial" teria muito mais importância no atraso ou desenvolvimento de um território. Este tipo de perificidade está intimamente ligado com o desenvolvimento deficiente de tecnologias de comunicação ou grau deficiente de interligações e interações entre o setor público e privado, uma reorganização da periferia para além do espaço.


Copus começa explicando o conceito tradicional de perificidade, a chamada perificidade espacial onde "el tipo e intensidad de actividad económica que se da em um lugar determinado puede ser explicado, al menos parcialmente, por las penalizaciones que impone la distancia desde los centros urbanos y/o industriales. (...) la tiranía de la distancia está em el centro de todas estas teorías y em el desarrollo de aplicaciones empíricas y políticas de que de ellas se desprende" (p. 33 e 34). O autor cita Keeble, para quem a  perificidade é sinonimo de acessibilidade ou inacessibilidade relativa a atividade econômica, algo intimamente ligado com o desenvolvimento do setor de transportes de uma região, ainda que seja uma questão complexa.


Contudo, após ser aplicado o projeto AsPIRE em regiões da União Europeia, pôde-se ver que não necessariamente regiões consideradas periféricas sejam menos desenvolvidas, vide o caso da Escandinávia. Inclusive, a certas regiões localizadas em países ditos periféricos como Madri e Barcelona, na Espanha, graças a aproximação através das constantes transformações dentro dos meios de transporte, se transformam em áreas centrais da UE, e regiões localizadas dentro de países centrais, como Alemanha e França, são áreas periféricas.


Isto pode ser dado pelo cálculo da perificidade não espacial como algo residual. A maioria das regiões periféricas dentro de países centrais o são principalmente pela sua pouca capacidade em renovar-se em termos de indústria ou chegaram a um ponto de saturação - como no caso dos grandes centros urbanos, que não tem mais para onde crescer. Além disto, países periféricos territorialmente na UE investem incessantemente em outros fatores que suplementem suas deficiências enquanto distância geográfica, como investimento em novas tecnologias, inovação e redes empresariais, capital social, governo e integração de redes globais.


Este texto parece refletir um pouco o paradoxo da modernidade e da globalização dentro da própria União Européia. Os aeroportos citados por Copus diminuem a distância entre regiões centrais - que não necessariamente se encontram em um mesmo país, enquanto as afasta das regiões periféricas de seus próprios países. Uma espécie de fronteira líquida que modifica a percepção do que é o nacional, pelo menos em termos de desenvolvimento econômico. Barcelona tem mais semelhanças com Helsinki ou Estocolmo que com Murcia. Paris, Londres, Berlim, são uma coisa só. Mas Grécia, Austria e outros países serão sempre periferias - a acessibilidade à UE não os levou a posição central. Um paradoxo. As cidades se tornam centrais. As nações, não.

Alessandra Beber Castilho - 3º RI Vespertino - RA 4100108

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