segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Lições finlandesas

O Parque de Ciências e Empresas de Lahti, situada na Finlândia é atualmente referência no desenvolvimento e aplicação de tecnologias limpas na União Europeia. A cidade saiu do marasmo econômico advindo do fim de seu principal parceiro econômico, a União Soviética, e hoje caminha a passos largos a caminho do desenvolvimento sustentável.

O caso do Parque de Ciências e Empresas pode servir de modelo para o que se entende por desenvolvimento limpo e sustentável não só para a União Europeia, mas para o Brasil. No caso finlandês, nota-se a grande quantia despendida para reavivar a economia local, uma cifra que beira um milhão de euros. Contudo, há um fator crucial a ser destacado, qual seja: a presença de universidades no local. Elas se integraram ao desenvolvimento local, a partir daí desenvolveu-se atividades e pesquisas no campo da reciclagem, eficiência dos materiais, eficiência energética e a purificação da água. Esta presença da universidade na região ao qual está inserida parece ser a principal lição que a União Europeia pode nos dar.

Não há aqui, salvo raras exceções, uma política eficaz e integração e intercomunicação entre sociedade e academia, ou até mesmo entre mercado e universidade. Prevalece no Brasil a ideia de que as pesquisas técnicas realizadas nas cátedras não possuem aplicabilidade prática, tampouco que conhecimento de caráter mais humanizador é capaz de transformar a sociedade e que, por isso, devem manter-se enclausuradas nas universidades.

Contudo, uma boa notícia parece advir no Brasil de modo a alterar o estagnado quadro de desenvolvimento ambiental nacional. As boas novas são oriundas de São Carlos, cidade localizada no interior de São Paulo. É lá que será instalado um sofisticado pólo, que envolverá a comunidade acadêmica, a iniciativa privada e o poder governamental, e pretende ser referência em pesquisas e troca de informações sobre energias limpas, sustentáveis e renováveis. A ideia é construir um centro de excelência em pesquisa de tecnologias alternativas visando o desenvolvimento mais limpo. Trata-se da construção de uma verdadeira cidade, a chamada "Cidade da Energia", que obterá financiamentos do governo federal e de entidades privadas.

A escolha da cidade de São Carlos, naturalmente, não foi aleatória. É lá que temos duas universidades com alta reputação nacional. São Carlos é conhecida como a "Cidade da Tecnologia" e tem a maior concentração de doutores por habitante, no país.

Isso mostra como conhecimentos acadêmicos e desenvolvimentos tecnológicos sustentáveis andam intrinsecamente ligados. É impossível, na opinião deste autor, separar os dois elementos. Só a partir da adoção maciça deste modelo é que iniciaremos nossa trilha visando boa reputação internacional em termos de energias sustentáveis.


 

Raphael Farinelli

Discente do 4º ano de Relações Internacionais da Unesp-Franca

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