A iniciativa INTERREG, em todas as suas vertentes, é uma ótima demonstração de como é possível articular as políticas públicas de regiões, ou mesmo países diferentes, em função do desenvolvimento de locais específicos. A atuação conjunta nas áreas fronteiriças se mostra, por vezes, de extrema dificuldade, seja pelo conflito de interesses entre as partes envolvidas, pelos entraves burocráticos e legais ou mesmo por preconceitos regionalistas. Neste sentido, o trabalho da União Européia tem conseguido superar todos estes obstáculos, e trabalha em diversas áreas para o desenvolvimento dos espaços de fronteira, assim como na transformação dos mesmos em efetivos pontos de troca de conhecimento e fortalecimento do diálogo entre as regiões.
É interessante ressaltar como mesmo projetos de porte demasiado pequeno, como no caso dos criadores de gado e carneiro na Suíça Saxônia, na fronteira entre Alemanha e República Tcheca, também são alvo de incentivo dos programas de INTERREG. A tomada de consciência de que, por vezes, são estes pequenos projetos os mais necessários para o desenvolvimento regional e a integração das áreas fronteiriças, é algo extremamente valioso, e pode ser afirmado por diversos outros exemplos, como a atuação conjunta dos programas sociais da Alsacia central, Freiburg e Brisgau, o programa de formação dos trabalhadores navegantes e a conscientização e apoio aos pequenos produtores na região do lago Constança, buscando meios de produção limpa, sem poluição das águas.
O sucesso de tantas iniciativas é certamente um reflexo do grau de coesão já existente entre os membros da UE, e mostra os benefícios que podem ser trazidos pelo trabalho conjunto realizado entre países diferentes, através de práticas que só podem ser realizadas através do diálogo, num processo lento e contínuo que certamente envolve muitas concessões. Em contraposição a este processo, o que vemos na realidade brasileira e no processo de integração latino-americano é justamente a falta de vontade para estas concessões. A falta de confiança é o sentimento que reina, e através dele, iniciativas conjuntas como esta não se mostram com fácil viabilidade. Exemplo claro seria a usina de Itaipu, um símbolo óbvio de cooperação interregional, assim como símbolo da discordância, sendo inclusive plataforma política na eleição de Fernando Lugo, questionando os contratos de venda e a preferência brasileira na aquisição do excedente paraguaio produzido.
Erick Baumgartner - 4104606
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