Desenvolvimentismo tecnológico sem as Ciências Humanas é “dependentismo”

O texto Estratégias de desenvolvimento local e regional: clusters, política de localização e competitividade sistêmica elabora uma visão esquemática do desenvolvimento. Primeiramente, acho que o termo empregado como desenvolvimento ao longo do texto deve ser melhor recortado, pois o entendimento que se tem do termo desenvolvimento é bem mais amplo do que foi empregado pelo autor, sendo utilizado no texto estritamente em sua acepção econômica. Dito isso, é possível ver na esquematização das políticas do desenvolvimento feito pelo autor alguns exemplos bem próximos a nós. O paralelo com o cluster fordista e o período desenvolvimentista do Estado brasileiro da década de 1960, pautado pela substituição das importações não passa despercebido, além da questão da promoção das MPE’s no cluster transnacional, tarefa a cargo da APEX, agência do governo federal que se encarrega da promover a exportação das pequenas e médias empresas.


A importância do fomento a exportação das MPE’s, a participação de empresas brasileiras na formação de clusters transnacionais e a diversificação dos produtos exportados, não estando mais baseados a commodities, é uma preocupação do empresariado brasileiro, como mostrado pelo empresário Emilio Odebrecht em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo quando diz que o Brasil deve investir em pesquisa para que o Brasil melhore sua pauta de exportações e se insira definitivamente no mercado global. Ele aponta que o desafio do próximo presidente do Brasil será aumentar o ensino técnico para que se tenha uma mão de obra qualificada.

O papel das Universidades, dos centros de pesquisa e dos centros tecnológicos para o desenvolvimento também é apontado pelo autor como fatores subjetivos de localização. Todavia, é importante que se pense em formar uma mão de obra que saiba gerir e direcionar esse desenvolvimento em todos os sentidos, não somente o econômico. É aí que as Ciências Humanas entram, no sentido de pensar um desenvolvimento que não se processe de uma forma dependente, mas sim de uma forma em que se pense o que é realmente o desenvolvimento.