segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Aspectos antropológicos e coesão territorial na UE

A importância adquirida atualmente pela questão da coesão territorial no contexto de integração europeia traz consigo determinadas contradições. O fato de haver concentração de recursos em determinadas localizações gera aumento na assimetria entre as regiões que compõem o continente europeu. Entretanto, o fato de as políticas de desenvolvimento regional buscarem o progresso de locais com menor autonomia e destaque econômicos leva ao aumento da dessemelhança a nível não apenas meramente econômico, mas também etno-cultural.

Nesse sentido, deve-se questionar quais os meios mais apropriados para promover o policentrismo no território europeu. A aplicação de estratégias transnacionais precisa ser seguida por um planejamento eficiente, capaz de considerar as modificações no cenário europeu em termos políticos, econômicos e sociais. Tal fato tem suas origens nas pressões pelas quais a União Europeia (UE) vem passando, tanto interna quanto externamente. A expectativa de que seja mantido o padrão de bem-estar social já experimentado por vários países componentes do bloco, além de sua expansão para os membros menos atingidos por tais benefícios da integração, faz com que a administração da dinâmica da UE seja colocada em xeque, posto que os custos para manter esse nível de estabilidade social compromete a inserção (o papel) da União no cenário internacional. Isso se deve ao fato de ser cobrado, nesse aspecto, um posicionamento estratégico da mesma, considerando sua relação com as demais nações do mundo.

Dessa forma, é cabível a afirmação de Pereira (2009, p. 836) sobre a necessidade de “um planejamento aberto e reflexivo, que conjugue a reflexão estratégica com a operatividade, cabendo a cada escala as funções que melhor sirvam os territórios, as empresas e as organizações e não que melhor sirvam as instituições em si mesmas”. Além disso, a participação da sociedade civil e dos demais setores que não somente o governamental se torna crucial para conter a dispersão de movimentos de marginalização que podem adquirir caráter nocivo às políticas internas de cada país em específico.

Cabe, portanto, apresentar nesse espaço a crítica não somente do nível aceitável de assimetria entre as regiões, mas principalmente da não inserção da mão-de-obra temporária como receptora dos benefícios sócio-econômicos reivindicados por parte dos europeus, em termos de promoção da coesão social. Mesmo havendo justificativas plausíveis em termos da elevação dos custos para manutenção das mesmas condições de vida para europeus e não-europeus, tal questão suscita uma problemática de caráter sócio-antropológico, a partir do momento em que há um incremento no sentimento de xenofobia no continente. Sendo assim, é cabível uma análise que não se restrinja meramente à aplicação de políticas públicas visando amenizar assimetrias econômicas inter-regionais; faz-se necessário pensar também no contingente humano envolvido nesse mesmo contexto e a forma como o mesmo é diretamente afetado.

Maria Teresa Braga Bizarria - 4º RIV - 4100107

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