“Em ultima instância, é a condição do presente quem põe condições ao pensamento pensado do presente e o impele a despensar-se e a repensar-se”. Bordieu
De acordo com o documento apresentado, devem ser consagrados esforços significativos a criação de um ambiente que incentive a investigação, o desenvolvimento e a inovação e que facilite a transição para a economia do conhecimento. Isso incluiria a criação de parques científicos e tecnológicos e fortes investimentos em infra-estrutura. A melhoria do conhecimento e o aumento da difusão da tecnologia a nível regional revelar-se-iam como um dos meios mais eficazes para o crescimento econômico. Em outras palavras, vê-se em investimentos nessas áreas formas de alcançar as grandes aspirações européias, isto é, tornar-se mais competitiva para, então, se transformar na economia mais dinâmica e competitiva do mundo. Embora recorrentemente fale-se em abordagem integrada entre os vários campos de ação (econômico, social, político, ambiental, cultural...), nota-se que a economia, mais uma vez, parece ser preponderante nos documentos, seja porque se trata de algo elaborado por especialista da área (economistas) ou porque é, pura e simplesmente, o objetivo final e primordial da UE. Bem, esta é, no mínimo, uma iniciativa interessante e ambiciosa. A questão nos conduz, entretanto, a alguma reflexão a respeito. Primeiramente, os 10,5 milhões de euros ditos investidos em inovação, investigação, tecnologia, conhecimento são, a que tudo indica, para facilitar o acesso das e às empresas. O desafio que se salienta seria como gerenciar os recursos, ações e programas de forma que o econômico não ofusque o social (e demais ambitos) no que se refere à produção do conhecimento. O campo científico já suporia formas especificas de interesses. Quero dizer, se tratada categóricamente como mercado, a "ciência" seria palco para a luta entre agentes e instituições, pela estrutura e distribuição do capital produzido, capital este passível de ser acumulado, transmitido e reconvertido - à medida que adquire valor. Ou seja, atribuir valor ao conhecimento nos conduz a criação de um campo arbitrário que, quase que automaticamente, restringiria o acesso amplo e irrestrito a todos os indivíduos. Não se questiona a legitimidade das ações, mas o gerenciamento dessas proposições e dos investimentos e recursos destinados as mesmas, que devem ser, portanto, bastante cautelosos.
Tamiris Hilário de Lima Batista 3º RI/N
* com base em perspectivas de Bordieu
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