"Navegar é preciso", diria Fernando Pessoa, mas desenvolver também o é quando já se passou o tempo de colonização. A compreensão dos desafios enfrentados pelas regiões ultraperiféricas hoje pertencentes à União Europeia não é tarefa simples. Sendo estas caracterizadas majoritariamente por territórios ultramarinos, tem-se de antemão que são territórios de mais difícil acesso, apesar da relevância estratégica. Açores, Madeira, Guadalupe, Guiana Francesa, Martinica, Reunião, Ilhas Canárias destacam-se em termos econômicos, posto que são um elo entre o continente europeu e outros continentes.
Contudo, apesar de relevantes para os países a que estão ligadas (Portugal, França e Espanha) e para a própria União de forma geral, as economias insulares são débeis em razão de suas limitações em termos geográficos, que restringem a área de terras utilizáveis e os próprios recursos naturais, além da dependência das infra-estruturas de transportes e comunicações, que comprometem inclusive a qualificação da mão-de-obra. Nesse sentido, tais regiões tornam-se notadamente vulneráveis a variações políticas e, principalmente econômicas, interna e internacionalmente.
Além das restrições prioritariamente econômicas e da distância física que dificulta a implementação de políticas públicas regionais, deve-se considerar a problemática da heterogeneidade europeia. Como ressalta Valente (2009, on-line) “por referência à ideia de diversidade, a problemática da cultura subsidia o outro ponto do debate sobre a necessidade de promoção das diferenças e da valorização da própria diversidade que as Regiões Ultraperiféricas representam”.
Sendo assim, o desenvolvimento de projetos a nível regional deve considerar com atenção as assimetrias discrepantes em termos de desenvolvimento que os Estados e suas extensões extracontinentais apresentam. A promoção da coesão econômica e social que já acontece no bloco deve ser estendida, de fato, até as regiões e os Estados menos desenvolvidos para que os esforços da conquista sejam válidos, pois, para os que hoje habitam as terras outrora desbravadas pelos mesmos europeus, viver é preciso.
Maria Teresa Braga Bizarria - 4º RIV - 4100107
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